quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A tragédia do Chapecoense e a tragédia nacional


Em pouco mais de 24 horas, o Brasil assistiu e reagiu de formas diferentes a duas tragédias que se abateram sobre o país: a queda do avião que transportava a equipe de futebol de Chapecó, SC, e a aprovação de emendas ao Projeto de Lei 4850/2016, de iniciativa do Ministério Público.

A primeira tragédia abalou a grande maioria dos brasileiros e encheu as redes sociais com demonstrações de solidariedade com o clube e com a família dos jogadores vitimados.

A segunda tragédia, votada na madrugada de hoje pela Câmara dos Deputados, possivelmente passará desapercebida pela grande maioria da população brasileira, pela simples razão de sua ignorância cidadã e sua quase exclusiva preocupação com novelas, futebol e carnaval.

O Globo, 30/11/2016
Se houvesse uma reação minimamente parecida ao acidente delegação Chapecoense, com as gravíssimas e recorrentes tragédias que atingem a Nação, quase todo dia, talvez pudéssemos ser um país melhor.

Mais de uma centena de policiais assassinatos, mais de 70.000 homicídios (dos quais, menos de 8% serão solucionados), mais de 50.000 mortos em acidentes de trânsito num país com a pior malha rodoviária das Américas - números terríveis que se repetem todos os anos -  são tragédias que não parecem sensibilizar a grande maioria dos brasileiros. Pelos menos não se vê uma reação semelhante nas redes sociais e na grande mídia.

Queda de helicóptero da PMERJ, com a morte de 4 policiais - 19/11/2016
Assistimos, sem dar muita atenção, ao noticiário manipulado por uma mídia comprometida, num país claramente governado por criminosos. E continuamos a reelege-los numa repetição grotesca, que parece indicar um fascínio nacional com a autopunição.

Sim, o Brasil se autoflagela a cada dois anos, elegendo o que de pior existe na sociedade, para conduzir os destinos de nossas cidades, estados e a nação.

Desde a chamada "democratização", o que mais se vê é uma corrupção endêmica -  institucionalizada a partir de 2003 -  que está sendo combatida por um grupo muito pequeno de juízes, policiais e procuradores. Cujo apoio, tão necessário para que possam prosseguir o seu trabalho e colocar na cadeia os criminosos eleitos e protegidos por leis que os colocam acima dos cidadãos, nem de longe se parece à solidariedade prestada aos que pereceram no acidente aéreo na Colômbia.

Triste destino de um país que, desgraçadamente parece, numa chegará ao seu futuro.

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