sexta-feira, 27 de março de 2015

O Rally Point, em Sturgis, SD


A Harley-Davidson e a cidade de Sturgis, South Dakota, selaram um acordo em Janeiro de 2015, onde a Motor Company foi nomeada a motocicleta oficial do mais antigo e maior evento de motociclismo do mundo, pelos próximos 75 anos. Veja postagem aqui.

Neste último fim de semana foi realizada a cerimônia de início dos trabalhos de construção da praça de eventos, localizada na rua principal de Sturgis, contemplada no acordo.

O local foi oficialmente batizado como "The Harley-Davidson Rally Point."

Na cerimônia, Bill Davidon, Vice-Presidente do Harley-Davidson Museum, em Milwaukee, WI, e bisneto de um dos fundadores da HDMC, afirmou: "Sturgis é a meca do motociclismo mundial. O Harley-Davidson Rally Point será o novo ponto de encontro de motociclistas em Sturgis, que estará disponível durante todo o ano. Mudar o nome da Second Street para Harley-Davidson Way é um reconhecimento do legado dos fundadores da nossa companhia e uma homenagem a todos os homens e mulheres que pilotam nossas motocicletas."

O Rally Point está sendo construído na esquina entre a Main Street e a Harley-Davidson Way (antiga Second Street), e incluirá um palco onde serão realizados concertos, apresentações, casamentos e outros eventos, durante todo o ano. Haverá um ponto elevado onde os pilotos poderão tirar fotos de suas motocicletas com o famoso símbolo de Sturgis.

Main Street e Second Street, Sturgis, SD. Aqui está sendo construído o
Harley-Davidson Rally Point.
Harleyros de todos os Estados Unidos sugeriram dezenas de nomes para o local, mas "The Rally Point" foi escolhido, por melhor representar o significado de Sturgis para o motociclismo mundial.

A abertura dos trabalhos de construção foi simbolizado com a presença de três motocicletas Harley-Davidson passando pelo local: uma Super Glide 1978 com motor Shovelhead, uma Street 750 2015 e uma Project LiveWire elétrica. A praça estará pronta para o 75th Sturgis® Motorcycle Rally™, que será realizado entre 3 e 9 de Agosto de 2015.

O vídeo abaixo mostra como será o novo Rally Point:


Durante a cerimônia o Prefeito de Sturgis, Mark Carstensen, disse que "The Rally Point solidifica a presença da Harley-Davidson em Sturgis e será o ponto de encontro dos pilotos durante o Sturgis Rally e servirá aos cidadãos de cidade durantes todo o ano."

74 tijolos retirados do prédio da matriz mundial da HDMC e um tijolo do Museu Harley-Davidson, ambos em Milwaukee, WI., foram trazidos por motociclistas do Harley Owners Group até a cidade de Sturgis e entregues ao prefeito da cidade. Estes tijolos serão usados na construção do Rally Point, para marcar de forma definitiva o legado de mais de 100 anos da Motor Company e sua presença relevante desde o primeiro rally realizado em Sturgis em 1938.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Testando o Rodoanel Leste, no sentido Norte.

No ano passado testei o trecho leste do Rodoanel Mario Covas, em São Paulo, vindo da casa do meu filho, em Niterói, de regresso para Santa Catarina.

O relato está aqui.

Ontem, testei esta alternativa no sentido inverso, indo de Balneário Camboriú para Niterói, usando uma outra alternativa ao suplício da Serra do Cafezal, a parte ainda não duplicada da BR-116, entre os quilômetros 336 e 353.

O percurso que utilizamos foi o da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP-55) e a Rodovia dos Imigrantes (SP-160), até seu encontro com o Rodoanel Mário Covas (SP-21) em São Bernardo do Campo.

Usando o percurso mais curto (BR-116/Marginal do Tietê/Rod. Ayrton Senna/Dutra), a distância total entre meu apartamente e a casa do meu filho, é de 1.075 km, previstos em 12:50 horas. No passado sempre levei entre 13 e 14 horas. Mas raramente conseguimos fazer neste tempo, pois a pista simples na Serra do Cafezal e o cruzamento de São Paulo pela Marginal do Tietê, sempre acrescenta uma hora mais no trajeto.

Indo pelo rota que usamos, o trecho aumenta para 1.127 km, com 52 km adicionais.

Mas a tranquilidade na viagem compensa.

BR-116 Norte, acesso para a Rod. Pe. Manoel de Nóbrega.
Saindo da BR-116 em Miracatu, seguimos pela SP-55 por 115 km, até o encontro com a Rodovia dos Imigrantes. O trecho entre a BR-116 e Itanhaém ainda não é duplicado, mas tem tráfego bem leve. O cuidado deve ser tomado com os radares, já que a velocidade máxima no trecho é de 60 km/h.

Após Itanhaém, com a pista duplicada a velocidade máxima aumenta para 80 km/h, embora a qualidade da pista permitiria, sem problema, velocidades de 100 km/h.

Rod. Pe. Manoel de Nóbrega, em Itanhaém.
A subida de 24 km pela Imigrantes foi tranquila, apesar de que a Anchieta estava fechada e todos os caminhòes foram desviados pela Imigrantes.

Rodovia dos Imingrantes.
O Rodoanel Leste ainda está sub-utilizado, com sómente 35% do volume de tráfego esperado Os 54 km até a Rod. Ayrton Senna foram cobertos em 25 minutos.

O resto da viagem foi tranquila, até chegar em Niterói. No total foram 1.120 km, em 12 horas de viagem. Valeu a pena.

Atualização em 8/4/2015: fizemos a mesma rota no sentido inverso. Total de 1.118km. O tempo de viagem foi o mesmo.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Você conhece Singapura?

Dr. Lee Kuan Yew, ex-primeiro ministro de Singapura
Morreu ontem, 23/3/2015, o Dr. Lee Kuan Yew, o homem que fez de Singapura um exemplo de eficiência econômica e baixos índices de corrupção.
Ele governou Singapura por 31 anos (1959 - 1990) como primeiro-ministro e faleceu aos 91 anos. 
Lee dizia que o sucesso de Singapura teve a ver com suas dificuldades. Singapura é uma mistura étnica de chineses, malaios e indianos, e não tem recursos naturais. Como dizia Lee, trata-se de um país “que não era para existir e não podia existir.”
“Para começar, nós não temos os ingredientes de uma nação, os fatores elementares: uma língua comum, uma cultura comum e um destino comum,” ele disse ao Times.

O segredo? Liberdade econômica, inexistência de corrupção, mão de obra altamente qualificada, carga tributária muito baixa e infraestrutura desenvolvida. O sistema político é o parlamentarismo, constituído de uma única câmara de representantes e é considerada a terceira melhor no ranking “Democracy Index”.

Todos os habitantes de Singapura estão sujeitos à lei da mesma forma, não havendo qualquer tipo de prerrogativas em função de cargos, eletivos ou não. Nenhum funcionário público tem qualquer tipo de estabilidade funcional garantida por lei.

Mas, você conhece Singapura?

O nome oficial é República de Singapura, uma moderna cidade-estado localizada na ponta sul da Península da Malásia, no sudoeste asiático. 

O território da república é constituído pela ilha principal chamada Ilha de Singapura ou Pulau Ujong em malaio e mais 60 ilhas menores. 

Singapura nos anos 1950.
As ilhas foram povoadas por volta de 200 A.C. e pertenceram a vários impérios asiáticos até sua moderna formação em 1819, quando foi transformada em um entreposto comercial inglês. O Império Britânico assumiu soberania sobre o território em 1824, até ser ocupado militarmente pelos japoneses durante a II Guerra Mundial.

Em 1963 Singapura se tornou independente da Grã-Bretanha, passando a fazer parte da Malásia até 1965, quando se tornou um estado independente.

Singapura, hoje.
Alguns dados sobre esta cidade-estado:
  • População: 5.469.700 habitantes
  • Area total: 718,3 km² (menor que a cidade do Rio de Janeiro)
  • PIB: US$297,9 bilhões
  • Renda per capita: US$55.182  (Brasil: US$15.153)
  • HDI: 0,901 (é o nono maior HDI do mundo)
  • Sistema econômico: economia de mercado
  • Atividades econômicas mais importantes: centro financeiro (o quarto maior do mundo), refino de petróleo (tem a segunda maior refinaria do mundo), eletrônica, produtos químicos, engenharia mecânica, laboratório biomédicos, turismo, serviços hospitalares (1 milhão de pacientes estrangeiros por ano), educação (80.000 estudantes estrangeiros). É o 14° maior exportador do mundo.
  • Salário mínimo: não existe.
  • Pobreza: praticamente inexistente
  • Religião: Budismo (34%), Cristianismo (18%), Muçulmanos (14%).
  • Idioma: 4 idiomas oficiais: Inglês (obrigatório), Malaio, Mandarim e Tamil
  • Educação: Grátis do primário à universidade. As universidades Nacional e Tecnológica de Singapura estão entre as 50 melhores do mundo.
Faculdade de Engenharia, Universidade Nacional de Singapura
  • Saúde: Sexto melhor sistema de saúde do mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.
  • Cultura: Singapura tem um dos menores índices de uso de drogas no mundo, resultado da legislação penal que determina a pena de morte para o tráfico de drogas. Singapura está sempre entre os três países com menos corrupção no mundo, ao lado da Nova Zelândia e dos países escandinavos.
  • Segurança Pública: A Força Policial de Singapura tem 37.341 policiais. Com exceção da unidade de choque, os policiais não usam coletes a prova de balas. Não necessitam. Os policiais usam revólveres calibre 38, fabricados pela Forjas Taurus, do Brasil. A polícia de Singapura ocupa o quinto lugar entre as mais efetivas forças policiais do mundo.
  • Transportes: o porto de Singapura é o segundo maior do mundo em número e tonelagem de navios atendidos e o segundo maior em movimentação de carga, logo depois do porto de Shanghai. No entanto é o maior do mundo em volume de carga transbordada (carga manuseada no porto, de origem e destino diversos).
Porto de Singapura.
Singapura não tem petróleo, nem reservas minerais, nem reservas hídricas. Não produz grãos.

O Brasil tem tudo isso — sem falar na proverbial ausência de terremotos — mas continua patinando no "berço esplêndido" e charfundando num tsunami de corrupção.

sábado, 21 de março de 2015

Síndrome de Down: Um gesto de amor


Fomos convidados a participar de um evento, neste sábado. Um passeio com crianças portadoras da Síndrome de Down da nossa cidade, Balneário Camboriú. SC., organizado pela Associação Amor pra Down, para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down.



Solicitados a chegar na Barra Sul cedo, por volta da 08:30 estávamos lá. Fomos recebidos por várias crianças e adolescentes, acompanhados de seus pais. Eram crianças alegres, com muita vontade de se comunicar conosco e maravilhados pela oportunidade de dar um passeio nas nossas motocicletas.

Outros grupos se juntaram ao evento, como um Grupo de Escoteiros e membros do Clube do Jipe de Itajaí.


Às 10:00 horas saímos para fazer o passeio. Vários meninas e meninos com a Síndrome de Down foram acomodados nos jipes e nas motocicletas. Capacetes compatíveis com o tamanho de cada um foram providenciados. A instrução era seguirmos em marcha lenta, em torno de 10 km/h, para ter certeza de que as crianças estariam em segurança na garupa das motocicletas. Sómente motocicletas com encosto no banco do garupa (sissy bar) foram utilizadas para transportá-las.



Neno Zen e seu garupa Ramon.

Escoltados por motocicletas e viaturas dos Agentes de Trânsito de Balneário Camboriú, seguimos pela Av. Atlântica até o Portal Norte, continuando pela Estrada da Rainha até a Praia dos Amores, onde paramos para fotografias.





Gostei muito de participar. Me alegrou o coração.

Meu muito obrigado a estas crianças, que transbordam amor por onde passam. Realmente, contagia!

Living in the Age of Airplanes


O novo documentário dos estúdios da National Geographic, Living in the Age of Airplanes, será lançado no dia 8 de abril numa sessão especial no Smithsonian National Air and Space Museum, em Washington, DC.

National Air & Space Museum, Washington, D.C.
Narrado pelo experiente e renomado ator Harrison Ford (Star Wars, Indiana Jones, entre muitos outros), o filme retrata o crescimento espantoso da indústria aeronáutica mundial, a conexão entre continentes possibilitada por ela, além da oportunidade de conhecer locais históricos para a humanidade.

Harrison Ford
Dirigido por Brian J. Terwilliger, responsável por outros documentários sobre aviação, o filme foi rodado em 95 locações de 18 países de todos os continentes.

Não há, ainda, previsão de quando o documentário será exibido no Brasil.

Abaixo, o trailer que está sendo veiculado nos Estados Unidos.


Tenho certeza que valerá a pena assistí-lo.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Equinócio de Outono: hoje, às 19:45 horas


A Astronomia é uma ciência natural que estuda corpos celestes (como estrelas, planetas, cometas, nebulosas, aglomerados de estrelas, galáxias) e fenômenos que se originam fora da atmosfera da Terra (como a radiação cósmica de fundo em micro-ondas). Ela está preocupada com a evolução, a física, a química e o movimento de objetos celestes, bem como a formação e o desenvolvimento do universo.

Em astronomia, equinócio é definido como o instante em que o Sol, em sua órbita aparente (como vista da Terra), cruza o plano do equador celeste (a linha do equador terrestre projetada na esfera celeste). Mais precisamente é o ponto no qual a eclíptica cruza o equador celeste.

A palavra equinócio vem do latim, aequus (igual) e nox (noite), e significa "noites iguais", ocasiões em que o dia e a noite duram o mesmo tempo. Ao medir a duração do dia, considera-se que o nascer do Sol (alvorada ou dilúculo) é o instante em que metade do círculo solar está acima do horizonte, e o pôr do Sol (crepúsculo ou ocaso) o instante em que o círculo solar está metade abaixo do horizonte. Com esta definição, o dia e a noite durante os equinócios têm igualmente 12 horas de duração.

Os equinócios ocorrem nos meses de março e setembro quando definem mudanças de estação. Em março, o equinócio marca o início da primavera no hemisfério norte e do outono no hemisfério sul. Em setembro ocorre o inverso, quando o equinócio marca o início do outono no hemisfério norte e da primavera no hemisfério sul.

A Astronomia Náutica foi fundamental para a expansãos dos impérios
europeus a partir do século XV.
As datas dos equinócios variam de um ano para o outro, devido aos anos trópicos (o período entre dois equinócios de março) não terem exatamente 365 dias, fazendo com que a hora precisa do equinócio varie ao longo de um período de dezoito horas, que não se encaixa necessariamente no mesmo dia. O ano trópico é um pouco menor que 365 dias e 6 horas. Assim num ano comum, tendo 365 dias e - portanto - mais curto, a hora do equinócio é cerca de seis horas mais tarde que no ano anterior. Ao longo de cada sequência de três anos comuns as datas tendem a se adiantar um pouco menos de seis horas a cada ano. Entre um ano comum e o ano bissexto seguinte há um aparente atraso, devido à intercalação do dia 29 de fevereiro.

Também se verifica que a cada ciclo de quatro anos os equinócios tendem a atrasar-se. Isto implica que, ao longo do mesmo século, as datas dos equinócios tendam a ocorrer cada vez mais cedo. Dessa forma, no século XXI só houve dois anos em que o equinócio de março aconteceu no dia 21 (2003 e 2007); nos demais, o equinócio tem ocorrido em 20 de março. Prevê-se que, a partir de 20443 , passe a haver anos em que o equinócio aconteça no dia 19. Esta tendência só vai desfazer-se no fim do século, quando houver uma sequência de sete anos comuns consecutivos (2097 a 2103), em vez dos habituais três.

Devido à órbita da Terra, as datas em que ocorrem os equinócios não dividem o ano em um número igual de dias. Isto ocorre porque quando a Terra está mais próxima do Sol (periélio) viaja mais depressa do que quando está mais longe (afélio).


Tudo isto me fez lembrar o meu grande mestre nas matérias curriculares "Astronomia Náutica" e "Navegação Astronômica", Comandante Alberto Senra Guimarães. 

Estas duas cadeiras, juntamente com "Instrumentos Náuticos"  e "Física Aplicada ao Navio" eram os "monstros" que habitavam embaixo dos nossos beliches e nos tiravam o sono, na Marinha. 

Exercício prático de navegação, durante viagem de instrução da EFOMM, a
bordo de um navio da Marinha do Brasil.
O Comandante Milton Pimentel era nosso professor de "Instrumentos" e o Comandante Manoel Cavalcante Monteiro era o mestre de "Física Aplicada". 

Este trio de grandes mestres ensinaram as matérias básicas da Ciência Náutica, crucial na formação de milhares de Oficiais da Marinha Mercante Brasileira. 

Minha profunda gratidão a eles, que já não habitam este planeta.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Lembranças das Minas Geraes - 2: Viajando de trem

Locomotiva a vapor ALCO Mallet 0-6-6-0, "carro forte" da EFCB na década de 1940.
Meus pais moravam em Conselheiro Lafaiete, quando eu nasci. Mudamos para Santos Dumont em 1948, portanto minhas lembranças da minha cidade natal são poucos.

O que me lembro de lá referem-se às visitas que fazíamos com bastante regularidade, pois a família da minha mãe - bastante numerosa - se dividia entre Lafaiete e Belo Horizonte.

Era muito divertido as viagens de trem que fazíamos. As que mais gostava era quando viajava sozinho (aconteceu algumas vezes). Vários dos meus tios e primos eram maquinistas de trem da Estrada de Ferro Central do Brasil. Um deles, em especial, era meu tio preferido: Castro de Almeida, um dos irmãos mais velhos da minha mãe. Muito divertido, gostava de boa comida e de uma dose de aguardente, tradição da nossa terra.

Ele morava em Cons. Lafaiete e conduzia trens entre aquela cidade e Santos Dumont, onde morávamos. Sempre que fazia pernoite lá, ia nos visitar. Era muito agradável tê-lo em casa, no jantar. Ele e meu pai eram muito amigos e tinham várias histórias juntos.

A que eu mais gosto, era ainda do tempo em que meus pais eram namorados. Minha mãe morava em Lafaiete e meu pai em Santos Dumont. A ligação entre as duas cidades era feita por trem ou, como alternativa pouco usada, pelas poeirentas estradas do estado. O asfalto só chegava em Minas até Juiz de Fora, onde terminava a Estrada União e Indústria, que a ligava JF à capital federal (vamos falar desta estrada em outra postagem).

Meu pai ia visitar minha mãe nos fins de semana e nem sempre podia combinar o seu trabalho com o horário dos trens. Ele tinha uma Harley-Davidson 1936, que havia comprado quando chegou em Minas Gerais, transferido de São Paulo onde trabalhava anteriormente. Era seu meio de transporte.

1936 Harley Davidson Knucklehead EL 990cc
Numa de suas idas a Lafaiete, meu tio Castro foi de carona com ele. Como a motocicleta não tinha banco de garupa, meu tio sentou-se no paralamas traseiro. Ora, aqueles motocicletas eram "rabo duro", não tinham suspensão traseira! O impacto das imperfeições do solo era amortecido pelo banco do piloto, mas meu tio tinha que se equilibrar sobre o paralamas da melhor maneira que podia.

Durante a viagem, em dado momento, meu pai falou algo para o meu tio e não teve resposta. Olhou para trás e constatou que esta sozinho: meu tio tinha caído. Regressando, meu pai o encontrou todo empoeirado, sentado na beira do caminho (lembrei-me da música do Erasmo Carlos!). Retomaram a viagem e chegaram inteiros em Conselheiro Lafaiete. Meu tio, claro, um pouco mais dolorido.

A história sempre rendia boas gargalhadas do tio Castro, ao contar. E recebia mais detalhes, à medida que era repetida para nós.

A maioria das viagens que fiz sozinho a Conselheiro Lafaiete foram com meu tio Castro conduzindo a locomotiva. Já naquela época as diesel-elétricas Alco-GE RS-1 tracionavam os trens de passageiro.

Locomotiva Alco-GE RS-1, já nas cores da RFFSA.
A EFCB adquiriu 38 unidades na década de 1950.
O tio Castro sempre me levava na cabine da locomotiva e eu adorava fazer a viagem assim. Havia dois tripulantes, o maquinista e seu auxiliar. Era interessante ver a forma como as instruções eram passadas ao maquinista. Em cada estação que passasse, sem parar, a locomotiva diminuia a velocidade e um funcionário da EFCB ficava na plataforma segurando um arco de madeira compensada, de uns 1,5 m de diâmetro. Ao passar, o auxiliar do maquinista ficava na passarela localizada ao longo da locomotiva e pegava o arco. Nele, vinha um pequeno cilindro onde estava a mensagem, enviada pelo telégrafo, com as instruções para o trecho seguinte.

Éramos uma família ferroviária. Meu avô materno e vários dos meus tios foram maquinistas de trem. Outras trabalharam em outros setores da ferrovia.

Quarto Depósito de Locomotivas da EFCB, Santos Dumont, MG, início dos anos 1960.
 Em primeiro plano uma locomotiva Alco Pacific 370
Meu pai trabalhava na manutenção de locomotivas. Formou-se na Escola Técnica Profissional Silva Freire, no Rio de Janeiro, a mais antiga escola técnica do Brasil, fundada em 1897. Esta escola continua em atividade, com o nome de Escola Técnica Estadual de Transportes Engenheiro Silva Freire.
Contratado pela EFCB logo após sua formatura, foi trabalhar em São Paulo por alguns anos, vindo para as Minas Geraes em 1937. Mais tarde meu pai foi professor e, posteriormente, Diretor da Escola Profissional Eugênio Feio.

A estrada de ferro estava no nosso sangue e nas nossas vidas, naquela época. Era nosso meio de transporte, que só veio a modificar quando o Presidente Juscelino Kubitschek construiu a atual BR-040 (chamada na época de BR-3), trazendo o asfalto até Belo Horizonte.

Veja também: Lembranças das Minas Geraes - 1: Quebrando o gelo

quarta-feira, 18 de março de 2015

Rodovias concedidas : mágica ou corrupção?

Ponte Presidente Costa e Silva, ligando Rio de Janeiro a Niterói.
Cada vez fico mais intrigado com a aritmética por trás das concessões de rodovias no Brasil.

O mais gritante, sem dúvida, são as rodovias do Paraná e do Rio Grande do Sul, com os pedágios mais caros do país, junto com a famigerada Via Lagos (RJ-124), no Rio de Janeiro.

Quando a BR-101 (em Santa Catarina), a BR-376 (no Paraná) e a BR-116 (entre SP e RS) foram privatizadas, as propostas vencedoras (todas da antiga OHL) apresentaram valores bem baixos, comparados com outras rodovias federais concedidas. A diferença do valor do pedágio por quilômetor concedido destas rodovias, comparados com o que é cobrado nas rodovias mencionadas acima, é gritante.

Hoje foi feito o leilão da Ponte Presidente Costa e Silva, mais conhecida como Ponte Rio-Niterói.
Atualmente o pedágio é de R$5,20, bastante elevado para os quase 14 km de ponte. A concessão atual se encerra dia 31/5/2015.

Praça de pedágio na Ponte Pres. Costa e Silva (Rio/Niterói).
A empresa vencedora foi a Ecorodovias, que começará a operar a ponte a partir de 1/6/2015 pelos próximos 30 anos e que cobrará o pedágio de R$3,70 ou  29% mais barato do que o cobrado atualmente.

Até aqui, tudo bem. Vassoura nova varre melhor.

O que eu gostaria que me explicassem ou, ainda melhor, desenhassem para mim, é a conta feita pela atual concessionária da ponte, a CCR.

Esclareço: a CCR cobra R$5,20, certo? 

Valor corrigido e aprovado pelo DNIT, baseado em planilhas e relatórios apresentados pela concessionária, para justificar o valor do pedágio a ser cobrado, considerando o custo de operação da ponte e sua manutenção, acrescido da justa remuneração da concessionára.

Mas a proposta da CCR, no leilão para operar a ponte por mais 30 anos, foi de cobrar R$4,70!!!!
Alguém pode me explicar a mágica?

Ou será que os aumentos do valor do pedágio ao longo dos anos, solicitados pela CCR e aprovados pelo DNIT, sofreram algum tipo de síndrome do crescimento espontâneo?

Algo parecido com os valores das obras da Petrobras, talvez?

terça-feira, 17 de março de 2015

Daytona Bike Week 2015 - Fotos


A edição número 75 do Daytona Bike Week encerrou-se neste domingo, com uma participação estimada de 500.000 motociclistas. Os números oficiais ainda não foram divulgados.

Algumas fotos que bem caracterizam o espírito do evento: